Lugar de mulher

O voto feminino foi conquistado em 1932, após intensa luta de Bertha Lutz e a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, mas a presença de mulheres na política ainda é limitada e enfrenta desafios.

No Brasil, a conquista do voto feminino veio tardiamente e representou o início da luta pela afirmação dos direitos políticos das mulheres. O processo que culminou no reconhecimento do sufrágio feminino está inserido em um contexto socioeconômico turbulento do início do século XX, marcado pela ascensão de novas forças políticas e pelo questionamento da antiga República oligárquica.

Uma figura simbólica desse período foi Bertha Lutz, que ao lado de outras mulheres, engajou-se na luta pelo voto feminino e fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o qual foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Essa associação atuou fortemente na defesa da ampliação dos direitos das mulheres, tendo como algumas das suas principais causas a inserção da mulher no mercado de trabalho, o direito à educação e o voto feminino.

Bertha Lutz (1894-1976) / Foto de arquivo – ONU

O sufrágio feminino veio em 1932, com o Código Eleitoral Provisório, promulgado por Getúlio Vargas, mas foi somente em 1934, com a nova Constituição, que o voto feminino foi amplamente garantido, sem restrições de estado civil ou de renda. A primeira mulher eleita no Brasil foi Carlota Pereira de Queirós, que se tornou deputada federal em 1933. Contudo, a participação feminina na política desde então tem avançado a passos lentos, especialmente nos cargos executivos e legislativos municipais.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a presença feminina nos cargos de prefeitas e vereadoras no Brasil refletem um cenário de forte desigualdade. Nas eleições municipais de 2020, as mulheres representavam aproximadamente 12% dos prefeitos eleitos e 16% dos vereadores. Esses números estão muito abaixo do ideal, considerando que as mulheres compõem mais de 50% da população brasileira. Apesar da existência de cotas para candidaturas femininas, que exigem que os partidos reservem 30% de suas vagas para mulheres, a presença efetiva delas nos cargos eletivos permanece limitada.

Fonte: TSE

Isso se deve, em grande parte, em razão da presença da estrutura patriarcal nos espaços políticos de poder que favorece com mais recursos e apoio partidário as candidaturas masculinas em detrimento das femininas, que muitas vezes são meramente simbólicas. Além disso, as mulheres enfrentam desafios adicionais, como a desigual divisão sexual do trabalho doméstico, que as sobrecarrega com afazeres de cuidado, afastando-as da vida pública. Outro obstáculo significativo é a violência política de gênero, que inclui desde ataques verbais a violência física, desestimulando a participação das mulheres na política.  Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), em pesquisa realizada em agosto e setembro de 2024, cerca de 66,7% das prefeitas afirmam já ter sofrido com algum tipo de violência política de gênero durante a campanha ou mandato.

Para que a democracia brasileira se fortaleça, é fundamental aumentar a representatividade feminina na política. A sub-representação das mulheres enfraquece a democracia, pois restringe a diversidade de vozes e de experiências na formulação de leis e de políticas públicas. O aumento do número de mulheres nos espaços políticos de poder fortalece o processo democrático na medida em que representa melhor a composição da sociedade brasileira. Além disso, ampliar a representatividade feminina é uma forma de combater a violência política de gênero.

Solenidade de posse dos senadores durante primeira reunião preparatória para 55ª Legislatura. Foto: senadora Kátia Abreu (PMDB-TO); senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); senadora Fátima Bezerra (PT-RN); senadora Regina Sousa (PT-PI); senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR); senadora Rose de Freitas (PMDB-ES); senadora Maria do Carmo (DEM-SE); senadora Simone Tebet (PMDB-MS); senadora Ana Amélia (PP-RS); senadora Sandra Braga (PMDB-AM); senadora Lídice da Mata (PSB-BA); senadora Ângela Portela (PT-RR); senadora Marta Suplicy (PT-SP).

Quando mais mulheres ocupam cargos e posições de liderança, cria-se um ambiente político mais inclusivo e seguro, no qual a violência simbólica, verbal ou física contra mulheres é menos tolerada e mais denunciada.  As eleições de 2024 representam uma oportunidade para reavaliarmos e avançarmos nesse cenário. Uma democracia robusta precisa da inclusão e de diversidade em suas instâncias de poder, e as mulheres devem ocupar esses espaços de decisão, bem como qualquer outro lugar que desejem. A participação política feminina não é apenas um direito, mas um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Formatura de policiais militares de São Paulo • Divulgação/SSP-SP
Artigo Científico

O Estado psicológico do Policial Militar após atendimento de ocorrência de vulto

Este artigo investiga o impacto psicológico do atendimento a ocorrências de vulto por policiais militares. A profissão exige constante exposição a situações de risco, o que pode gerar estresse e outros problemas de saúde mental. A pesquisa foi realizada com policiais da Brigada Militar de Porto Alegre, utilizando questionários para avaliar a existência de acompanhamento psicológico. Os resultados apontam para a necessidade de suporte psicológico compulsório, visando minimizar o sofrimento mental dos agentes e garantir melhores condições de trabalho.

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